tag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post4942414717735629700..comments2023-12-17T10:25:34.666-08:00Comments on Montando o Quebra-Cabeça (Daniel Gontijo): Inteligência: capacidade de ser feliz?Daniel F. Gontijohttp://www.blogger.com/profile/05642453169721712475noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-76765326767942063662011-11-07T13:21:14.885-08:002011-11-07T13:21:14.885-08:00Qual a necessidade de se usar termos como "de...Qual a necessidade de se usar termos como "desejo" ou "vontade" quando o que temos são apenas funções comportamento-contexto?.<br /><br />Seguinte, quando as pessoas do senso comum usam termos como inteligente, esperto, etc, elas estão se referindo a comportamentos públicos que observam ou seja a propriedades como eficácia, rapidez, ineditismo topográfico.<br /><br />Teóricos em Psicologia que na tentativa metafisica realista de achar uma "Causa" ou "Mecanismo" inventaram todo o mundo mental e cognitivo. <br /><br />Isso mesmo inventaram. E nós behavioristas dia a dia, ano a ano vamos desmontando e operacionalizando todo esse mundo fantasioso.Martyushttps://www.blogger.com/profile/09814007411786078303noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-58834603627900838882011-11-06T17:35:45.693-08:002011-11-06T17:35:45.693-08:00Caro Daniel,
"Cada um é livre para se intere...Caro Daniel,<br /><br />"Cada um é livre para se interessar pelo que achar melhor. Mas, para a prática clínica em geral, creio que acrescentar à definição de inteligência a finalidade da felicidade é a melhor maneira de nos tornarmos conscientes de um conceito que já usamos na prática."<br /><br />O que é requerido para que alguém seja feliz? Se estamos ajudando alguém a lidar com a morte de um ente querido, ou se o estamos ajudando a superar certas dificuldades em um relacionamento amoroso, deveríamos dizer que o estamos ajudando a ser mais inteligente? Se a resposta for positiva, não concorda que poderíamos e gostaríamos, apesar disso, de observar, classificar e avaliar uma diversidade de comportamentos envolvidos na resolução daqueles problemas? Vê que admitir que inteligência é a capacidade de ser feliz não exclui a necessidade da criação de categorias para tantos tipos de comportamentos cujas finalidades ou funções são específicas? Na prática, usamos o termo inteligência para dizer, em certos contextos, de classes comportamentais razoavelmente peculiares -- classes estas que se distinguem, como exemplifiquei, daquelas que recebem o nome de personalidade.<br /><br />"O homem é uma unidade, não um Frankenstein formado por partes retiradas de corpos diversos. Assim, se falamos em ‘inteligência’, ‘personalidade’, ‘mente’, ‘corpo’, ‘relação inter-pessoal’ e ‘relação pessoal’, o mais provável é que, ao invés de estarmos falando de uma pluralidade de esferas que constituem o homem, estejamos descrevendo uma única esfera (a humana) por diversos pontos de vista diferentes."<br /><br />Mesmo que seja, Daniel, não acha que isso é funcional? Não concorda que haja uma importância social, e não só científica, de se classificar comportamentos em categorias?<br /><br />"Se é prático e útil definir toda ação como ‘comportamento’, por que não seria prático e útil defini-las como ‘inteligentes’?"<br /><br />Comportamento é um termo que designa basicamente "relação contingencial de um organismo com o ambiente". Dentre as inumeráveis formas de se comportar, temos por exemplo o planejar, o calcular, o galantear, o falar em público, o dirigir, o escrever e o ler, o debater e o fazer sexo. Não vejo como chamar todo comportamento, que possui suas funções ou finalidades, de inteligência possa contribuir com ou acrescer algo às nossas teorias e práticas no campo da psicologia; e mesmo que o façamos, isto não tornará ociosas ou inúteis as categorias que normalmente utilizamos.Daniel F. Gontijohttps://www.blogger.com/profile/05642453169721712475noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-24006037375039202072011-11-06T15:05:35.246-08:002011-11-06T15:05:35.246-08:00Concordo quando você faz a sua conclusão sobre o a...Concordo quando você faz a sua conclusão sobre o assunto. Li, recentemente, sobre um estudo que resumidamente diz que as pessoas que consideram a inteligência como sendo algo "mutável" e dependente da aprendizagem e outras circunstâncias, conseguem sair melhor em testes e provas. <br />Em relação ao comportamento, conheço pessoas inteligentes com comportamentos coerentes com o nível e pessoas que se consideram inteligentes, o que é mais legal, estúpidas e com comportamentos idiotas e imaturos.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-77047789352687374652011-11-06T10:15:31.936-08:002011-11-06T10:15:31.936-08:00Então, vejamos os contra-argumentos do Foschetti:
...Então, vejamos os contra-argumentos do Foschetti:<br /><br />“Contudo, se não especificarmos os obstáculos e os objetivos, tudo se transforma em amostras ou tipos de inteligência: o jogar futebol, o cozinhar e o varrer, o se relacionar romanticamente e o dirigir automóveis.”<br /><br />Assim como tudo que uma pessoa faz (inclusive o sentir e o pensar) é definido por Skinner como “resposta” ou “comportamento”, e assim como este tipo de generalização não torna a definição de ‘comportamento’ menos válida ou consistente, atribuir a todo comportamento a finalidade última da felicidade, e denominar a capacidade de o agente alcançar esta finalidade de ‘inteligência’ também não torna a definição de inteligência menos válida ou consistente.<br /><br />“No entanto, e se a tese das inteligências múltiplas vencer,(2) os cogno-proficientes continuarão a ser videntes em terra de míopes. Caso a definição tradicional de inteligência seja dissolvida, (Os cogno-proficientes) provavelmente permanecerão notáveis.”<br /><br />Eu realmente não entendo a validade deste tipo de argumento. Em meu blog, afirmei que meu amigo Foschetti fazia uso do “status quo” nas noções e conceitos que são utilizados hoje como argumento a favor da tese de que eles devem ser mantidos – e de que se manterão, efetivamente. Acho que ele faz a mesma coisa também no argumento abaixo:<br /><br />“Redefinir inteligência não fará que com que leigos, empresários, educadores, psicólogos e órgãos governamentais deixem de se interessar por aqueles comportamentos notáveis que, ao menos atualmente, são denominados inteligentes”<br /><br />Cada um é livre para se interessar pelo que achar melhor. Mas, para a prática clínica em geral, creio que acrescentar à definição de inteligência a finalidade da felicidade é a melhor maneira de nos tornarmos conscientes de um conceito que já usamos na prática.<br /><br />“As classes comportamentais que compõem o "habituar às coisas simples" são ou podem ser, em grande parte, definidas como traços de personalidade”<br /><br />O homem é uma unidade, não um Frankenstein formado por partes retiradas de corpos diversos. Assim, se falamos em ‘inteligência’, ‘personalidade’, ‘mente’, ‘corpo’, ‘relação inter-pessoal’ e ‘relação pessoal’, o mais provável é que, ao invés de estarmos falando de uma pluralidade de esferas que constituem o homem, estejamos descrevendo uma única esfera (a humana) por diversos pontos de vista diferentes. <br /><br />“Na sociedade atual, imagino que os comportamentos preconizados por Epicuro não são notáveis, ou suficientemente valorizados, de tal forma que possam ter força para alavancar patentes mudanças conceituais”<br /><br />Mais uma vez, o ‘status quo”.<br /><br />“Deve haver uma variedade exorbitante de comportamentos que contribuem para o quanto somos felizes, e não seria prático ou útil definirmos todos como inteligentes”<br /><br />Se é prático e útil definir toda ação como ‘comportamento’, por que não seria prático e útil defini-las como ‘inteligentes’?<br /><br />“Aparentemente, felicidade é um conceito de difícil operacionalização, e isso implica em complicações na empreitada de se avaliar o grau em que uma pessoa é inteligente”<br /><br />Agora, o status quo da ciência. Se felicidade é algo difícil de operacionalizar, isso não muda o fato de a felicidade ser a coisa mais importante da vida, e o objetivo da Psicologia. Assim, nossa obrigação é tratar de ‘inteligência’ da maneira mais adequada à psicologia clínica, seja o mais adequado à psicologia clínica aquilo que é mais adequado ao método científico ou não.Daniel Grandinettihttps://www.blogger.com/profile/03530549949111917266noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-53430793026920426512011-11-06T10:15:11.246-08:002011-11-06T10:15:11.246-08:00Se uma ação planejada se explica pelo desejo de ex...Se uma ação planejada se explica pelo desejo de executá-la e pela crença do que é necessário fazer para executá-la, enquanto uma ação em execução se explica pelo desejo de executá-la e pela crença de se estar fazendo o necessário para tanto, caso uma ação não consiga realizar sua intenção, muito se deve às falhas neste planejamento e na sua execução. Aristóteles já definia a capacidade de planejar e executar ações como ‘inteligência prática’. É desnecessário mostrar como os elementos que tradicionalmente entram na definição de inteligência estão em funcionamento neste planejamento e nesta execução. <br /><br />E, no que concerne ao desejo de executar a ação, este pode se desdobrar em muitas esferas. Por exemplo: (1) Eu tenho desejo de atear fogo em meu carro porque (2) desejo fraudar o seguro, e desejo fraudar o seguro porque (3) desejo receber o dinheiro da apólice (4), e desejo receber o desejo da apólice porque desejo me sentir seguro com ele em mãos. Davidson diz que todos estes desejos e todas as ações nas quais eles entram como explicação (atear fogo no carro, fraudar o seguro, receber o dinheiro da apólice e sentir-me seguro) o agente crê poder realizar e executar na execução de uma única ação: o atear fogo no carro. Na intenção de executar uma ação (atear fogo ao carro) está implícita uma série de outras intenções, de maneira que a última destas intenções (sentir-se seguro) consta como a ‘razão primária’ da ação, aquela razão que a explica. Penso ser desnecessário, mais uma vez, mostrar como neste encadeamento de intenções tudo o que geralmente denominamos ‘inteligente’ também está em funcionamento.<br /><br />A maneira como o agente encadeia suas intenções e tudo o que ele acredita ser preciso fazer para realizá-las define, da melhor maneira possível, a inteligência tal como nós, psicólogos clínicos, nos defrontamos com ela na prática clínica. E, partindo do princípio de que a intenção última de uma ação (sua razão primária) é o desejo de se sentir bem, satisfeito, etc., somos forçados a concluir que a inteligência deve ser definida em vista do alcance da finalidade de ser feliz. Esta é a melhor forma de fornecer uma definição especificamente humana de inteligência, e esta definição especificamente humana de inteligência é a que está implícita na prática de todo psicólogo clínico.Daniel Grandinettihttps://www.blogger.com/profile/03530549949111917266noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6987296777344636173.post-45923855915290862752011-11-06T10:14:28.824-08:002011-11-06T10:14:28.824-08:00Acredito que toda a polêmica levantada por meu ami...Acredito que toda a polêmica levantada por meu amigo e xará Daniel Foschetti em meu blog, e que foi sistemetaizada e reproduzida aqui, se resolva em grande parte numa resposta que ele mesmo me deu. Ao colocar a ele que:<br /><br />“Se uma pessoa é infeliz, e se avaliamos sua inteligência com relação à felicidade, as intervenções podem ser feitas no sentido de desenvolver aquelas faculdades que, dentro do contexto de vida dela, estão menos desenvolvidas e estão causando seu estado infeliz."<br /><br />Ele me respondeu que:<br /><br />“Fazemos isso enquanto psicólogos, e não precisamos de reformular um conceito para conduzir nossas análises e intervenções.”<br /><br />Assim, se o psicólogo clínico, em sua prática clínica, avalia que faculdades, dentro de seu contexto de vida, devem ser desenvolvidas para que ele alcance maior felicidade, ou mesmo deixe de ser infeliz, então a felicidade já está pressuposta enquanto finalidade do exercício desta faculdade. Por isso, não se trata de mudar o conceito de inteligência, mas sim de tornar explícito um conceito de inteligência que já vem sendo utilizado, de maneira velada, desde o início da psicoterapia como a conhecemos.<br /><br />Minha dissertação de mestrado foi sobre “A Teoria das Ações de Donald Davidson”. Lá, eu mostro que Davidson procura explicar uma ação a partir do desejo de executá-la e da crença de se estar fazendo o necessário para executá-la. Quando falamos de uma ação que está apenas planejada, mas ainda não foi executada, ela se explica pelo desejo de executá-la e pela crença do que é necessário fazer para tanto, e uma ação que já foi executada pelo desejo de tê-la executado e a crença de se ter feito o necessário para isso. Este conjunto desejo-crença constitui a ‘intenção’ ou a ‘razão’ para a ação ser executada, sendo a intenção ou a razão de uma ação a sua CAUSA, e o que nos permite distinguir entre uma ação e demais eventos.<br /><br />http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/BUBD-89LPGP/1/sum_rio.pdf<br /><br />http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/BUBD-89LPGP/2/daniel_grandinetti___a_teoria_das_a__es_de_donald_davidson__disserta__o_de__mestrado_.pdf<br /><br />Davidson foi um filósofo da mente americano, muito influente da metade do século XX até aqui e, como boa parte dos filósofos da mente americanos deste período, foi um grande crítico da psicologia americana que se desenvolveu simultaneamente, especialmente da psicologia comportamental. Enquanto a psicologia americana se esforçava por eliminar e substituir fatores como ‘desejo’ e ‘crença’ de suas análises, Davidson nadou contra a correnteza e elaborou uma teoria das ações que conta, até hoje, como uma das mais respeitadas explicações do comportamento humano. E, uma das razões para o sucesso de sua teoria é justamente a consistência com que ela nos permite conceituar e distinguir uma ‘ação’ de um evento qualquer, tal como o funcionamento de um computador e uma máquina.Daniel Grandinettihttps://www.blogger.com/profile/03530549949111917266noreply@blogger.com