Esta série consistirá de um breve ensaio sobre
algumas ideias que venho tendo sobre o lugar do cérebro no behaviorismo radical. Minhas intenções principais são desfazer alguns mal entendidos, ressaltar a possibilidade de diálogo entre o behaviorismo e a neurociência e identificar o que pode atrapalhar -- ou já está atrapalhando -- esse diálogo.
A caixa preta
Passeando recentemente pelo blog de um exímio professor de neuropsicologia,
trombei com a incômoda alegação de que o behaviorismo
desconsidera, em suas análises, qualquer tipo de evento ou variável
neurobiológica. Vejamos:
[...] o modelo S:R-C [estímulo, resposta e consequência] é limitado porque coloca o cérebro entre parênteses, tratando-o como se fosse uma caixa preta. O modelo de tríplice contingência precisa ser substituído então por um modelo SORC, introduzindo variáveis do organismo entre o estímulo e a resposta. [...] O modelo SORC considera as instâncias regulatórias centrais, principalmente o córtex prefrontal e o chamado executivo central, as quais explicam a capacidade dos organismos de antecipar as consequências do seu comportamento (Haase, 2011).
A imagem abaixo, retirada do referido blog, ilustra o que seria o modelo SORC:
O modelo de análise SORC constitui-se de um estímulo (S), as respostas cerebrais (O), o comportamento observável (R) e uma consequência (C). |
A ideia de que o behaviorismo radical ignora os eventos encobertos (isto é, os que não são diretamente observáveis por terceiros), sobretudo os neurais e os subjetivos, é comum mesmo entre os bons acadêmicos não behavioristas. Essa ideia equivocada leva seus alunos a crer que o behaviorismo radical é uma filosofia do comportamento ultrapassada, que a análise do comportamento não se sustenta enquanto ciência e que o cognitivismo é uma abordagem superior por ter aberto a caixa misteriosa.
Atividade neural como parte do comportamento
Em
primeiro lugar, o que o behaviorista radical entende por
"comportamento" difere do que entende o cognitivista por esse mesmo
termo. Para este último, "comportamento" refere-se tipicamente a uma ação motora do indivíduo. Para o behaviorista radical, comportamento é qualquer relação
organismo-ambiente. Se, por exemplo, o behaviorista mencionar o
comportamento "jogar futebol", poderiam ser considerados um contexto
(campo, bola e jogadores), um conjunto de respostas (chutes,
estratégias e emoções) e uma porção de consequências produzidas por essas respostas (divertir-se, estreitar laços de amizade e cuidar da saúde).
Neste momento, o leitor mais atento deve ter percebido que os eventos
encobertos são contemplados pelo termo intermediário (R) da tríplice contingência (S:R-C). Ora, o cérebro é um órgão que
responde ao meio, e as especificidades de seu responder não fogem do
escopo do behaviorista.
Imagino
que, ao pensar que o behaviorista concebe "comportamento" apenas como
as respostas motoras de um organismo, o cognitivista conclui que seu
colega estaria negligenciando, ou "colocando entre parênteses", a
atividade cerebral que as precedem.(1) Como esse raciocínio está
equivocado, não é necessário acrescentar um quarto termo (O) à tríplice
contingência. Em outras palavras, uma vez que o termo R diz respeito a qualquer resposta do organismo (abertas ou encobertas), não é necessária a adoção do modelo SORC. Se
existem críticas a ser feitas ao behaviorismo radical (e certamente
há), elas não se tratam, a princípio, de seu modelo básico de análise.
Causas
Em outra ocasião, falei sobre a tendência dos cognitivistas e neurocientistas de atribuir aos eventos mentais e encefálicos (EMEs) a causa
do que as pessoas fazem. Se os EMEs precedem certas respostas observáveis, é legítimo
tratá-los como variáveis determinantes. No entanto, duas limitações
básicas surgem ao se fazer isso. Em primeiro lugar, essa perspectiva pode ofuscar a questão sobre que variáveis controlam os EMEs, bem como sobre que processos históricos, onto e/ou filogenéticos, os
produziram. Em segundo lugar, e de forma complementar, os EMEs não são
um tipo de variável que podemos direta ou livremente controlar. Para
fazê-lo, devemos manipular as variáveis ambientais das quais os EMEs são função.
Em uma palestra recentemente divulgada em uma página de psicologia, o psicólogo Shawn Achor afirma o seguinte:
"O que estamos descobrindo é que não é necessariamente a realidade que nos molda, mas as lentes através das quais o cérebro vê o mundo [...] E se nós conseguirmos mudar as lentes, não só podemos mudar sua felicidade, [mas também] cada resultado educacional e empresarial [...]" (Achor, 2011).
Na
chamada para o vídeo, um colega cognitivista sintetizou a proposta de Achor assim:
"A felicidade não é baseada nas condições ambientais, mas na maneira
como seu cérebro processa informações". Centralizar a fonte e a essência
do que somos, fazemos e conquistamos no cérebro ou na mente é uma
postura às vezes denominada internalista. Inspirados nas críticas de Skinner ao mentalismo, os behavioristas ressaltam que o internalismo
pode ocasionalmente dar margem à conclusão de que, ao descobrirmos
certas relações cérebro-comportamento, poderíamos encerrar nossas
questões. Entretanto, descobrir essas interessantes relações não nos
permite, em boa parte dos casos, atuar sobre o que mais nos interessa.
Pior ainda, focar as explicações no cérebro ou na mente pode levar à
sustentação da visão comum de que essas entidades funcionam
independentemente do ambiente -- o problema do "eu-" ou, mais
atualmente, do "cérebro-iniciador".
Curiosamente,
Achor diz em sua palestra que "há maneiras de treinar o cérebro para
que ele se torne mais positivo". Ora, e o que seriam esses treinamentos
senão manipulações sistemáticas de variáveis ambientais? As
"lentes do cérebro", sejam lá o que forem, não se alteram
espontaneamente. Mudanças cerebrais/comportamentais significativas
requerem mudanças ambientais significativas, e é a isso que devem se
atentar os psicólogos e neurocientistas.
O
raciocínio acima nos leva naturalmente a questionar o lugar que o
cérebro é hoje colocado nas ciências comportamentais, na mídia e na boca
do povo. Em vez de ser visto como o vilão, no caso dos transtornos, ou o
guardião, no caso da "saúde mental", o cérebro é parte do que
precisa ser explicado. Por exemplo, se a baixa disponibilidade de
serotonina é uma característica típica da depressão, devemos indagar que processos comportamentais estão
envolvidos em seu declínio.(2) Centrar esforços para identificar os perfis
neuroquímicos e neurofisiológicos de certos transtornos pode ser útil
para o desenvolvimento de fármacos e -- em alguns casos -- para a
implementação de neurocirurgias, mas isso não esclarece por que
aqueles perfis foram configurados. A pergunta "Por que o cérebro de
pessoas felizes funciona de forma tal ou qual?" não pode ser respondida
por mecanismos, estruturas ou metáforas do ou sobre o próprio cérebro;
em vez disso, compreender seu funcionamento implica em compreender como o
cérebro muda quando em contato com o ambiente -- e isto é analisar contingências comportamentais.
Estruturas como causas?
Um
dos objetivos básicos da neuropsicologia é compreender a relação
cérebro-comportamento. Para certas finalidades, pode não ser um problema
afirmar que o funcionamento do cérebro determina uma série de repostas glandulares, motoras e viscerais... mas o que pensar sobre a alegação de que suas estruturas os determinam?
Eu venho pensando que é preciso diferenciar explicações causais de explicações estruturais.
Uma explicação causal simples envolve a descrição de uma relação entre
dois eventos: Se A estiver presente, então B provavelmente aparecerá
(uma regra formulada por várias observações da relação A-B). Uma
explicação estrutural, por sua vez, descreveria uma estrutura pela qual
um evento pode ocorrer em certas ocasiões. Por exemplo, a contração da
pupila em resposta à luminosidade só pode ocorrer caso haja uma pupila.
Se a arquitetura da pupila estiver danificada, não se observa sua
contração. Nesse sentido, descrever uma anatomia anormal da pupila seria
fornecer uma explicação estrutural, e não causal, para a pergunta: "Por
que, quando na presença de luz, a pupila desse indivíduo não contrai?".
Diversas explicações neuropsicológicas são do tipo estrutural, e não causal. Dizer que Phineas Gage
agia impulsivamente por ter um córtex pré-frontal anômalo é fornecer
uma explicação estrutural para seu comportamento. Em vez de especificar
estruturas, uma explicação causal envolveria, digamos, a especificação
de um contexto (circunstância na qual Gage agia impulsivamente), de um
histórico de condicionamentos (processos pelos quais Gage aprendeu a
fazer certas coisas) e, é claro, de um evento que danificou as
estruturas envolvidas no controle dos impulsos. A lesão provocada por uma
barra de ferro, enquanto uma ocorrência, causou uma mudança na forma
como Gage se relacionava com o mundo. A então nova anatomia do cérebro
de Gage não causava seu comportamento, e sim era uma estrutura que
respondia atipicamente em certas ocasiões.
Explicações
estruturais complementam, mas não substituem, explicações causais. Ao
descrever as características anatômicas do cérebro, o neurocientista
pode, entre outras coisas, extrair informações sobre o que é
estruturalmente necessário para que certos comportamentos aconteçam ou
sejam adquiridos. Essas informações podem ajudar, por exemplo, na
elaboração de uma reabilitação neuropsicológica, mas as variáveis a ser
manipuladas continuam sendo ambientais, e não estruturais. Nesse
cenário, uma análise baseada na tríplice contingência é imprescindível
e, como esclarecido, pode adequadamente contemplar os comportamentos
encobertos de um indivíduo -- do raciocinar e flexibilizar ao planejar e
tomar decisões.
Considerações finais
Embora eu acredite que o behaviorista possa participar com notoriedade da "festa do cérebro", ele poderá vez ou outra encontrar dificuldades no caminho. Por exemplo, muitos estudos em neurociência enfatizam a relação entre o funcionamento do cérebro e o resto do corpo, deixando o ambiente entre parênteses. Poderíamos tratar essa relação como um fenômeno comportamental? Estudar essas contingências circunscritas aos limites do corpo pode ser decisivo para o avanço em engenharia comportamental, por exemplo, e os trabalhos de Miguel Nicolelis e sua equipe são uma boa evidência disso. Pelo jeito, fazer interfaces com a neurociência pode implicar muitas vezes em lançar mão de escalas moleculares de análise em detrimento das tradicionais escalas molares. Um possível segundo investimento do behaviorismo diz respeito à incorporação do estruturalismo que brevemente apresentei. Se
ninguém duvida que é necessário um corpo (ou parte de um corpo) para que
haja uma resposta, pouco esforço tem sido direcionado a questões
sobre as interessantes relações (não causais) estrutura-função, típicas em
neuropsicologia.
A despeito dos apontamentos que fiz acima, devo ressaltar que o behaviorista radical não exclui os eventos encobertos de suas análises. O que acontece é que, principalmente por questões práticas, ele procura não colocar esses eventos como o "ponto de partida" de sua explicação do comportamento. Para aprimorar suas análises, os neurocientistas podem, com ajuda dos behavioristas, tirar o ambiente dos parênteses; e estes últimos, contudo, podem passar a se interessar pelos níveis de análise moleculares e pelas relações estrutura-função. Antevejo que trocas simples como essa poderão render bons produtos agregados.
Notas
(1) É igualmente possível que esses acadêmicos perseverem no erro de confundir o behaviorismo metodológico, de John B. Watson, com o behaviorismo radical, de Burrhus F. Skinner.
O behaviorismo metodológico preconiza que os eventos encobertos não são
cientificamente abordáveis, sendo este um dos principais pontos que o
diferenciam do behaviorismo radical.
(2) Não se pode negar a provável influência genética
sobre a produção dos transtornos comportamentais. Contudo, ressaltei a
questão sobre a etiologia comportamental da depressão em razão do contexto desta conversa.
Referências
Para acessar a fonte das citações dispostas no texto, clique sobre o nome de cada autor.
Gostei muito do texto, mas faço algumas observações:
ResponderExcluir"Se essas informações podem ajudar, por exemplo, na elaboração de uma reabilitação neuropsicológica, as variáveis a ser manipuladas continuariam sendo ambientais, e não estruturais. Nesse cenário, uma análise baseada na tríplice contingência é imprescindível e, como esclarecido, pode adequadamente contemplar os comportamentos encobertos de um indivíduo -- do raciocinar e flexibilizar ao planejar e tomar decisões."
A estrutura referida não é o cérebro? O cérebro não faz parte do ambiente? Logo, a distinção entre estrutura e ambiente, no modelo BR, não seria adequada.
"As causas de um fenômeno não estão contidas em si mesmo, e é por isso que os neurocientistas devem tirar o ambiente dos parênteses e, em paralelo, não confundir a configuração de uma estrutura com sua própria causa."
O erro lógico de que a causa do fenômeno está em si mesmo não se aplica aqui, pois o fenômeno é diferente da estrutura em todos os casos. Por exemplo, não existe texto neuropsicológico afirmando que "o cérebro é a fala" ou que "o cérebro é a impulsividade". O erro está em considerar o cérebro como ponto de partida para o comportamento, o que não ocorre nem mesmo no modelo cognitivo, onde o cérebro está como intermediário na relação causal, sendo precedido por situações.
A questão é se é correto dizer que comportamentos encobertos precedem comportamentos observáveis. Por exemplo, talvez eu não salivasse ao ver um espetinho de escorpiões em Bangkok, pois nunca provei tal iguaria. Mas se eu houvesse provado e gostado, salivaria. Comportamentos encobertos, incluindo a percepção consciente do espetinho e os mecanismos inconscientes de salivação, explicariam a diferença entre as duas situações.
O problema, IMHO, está no quão complicado é descrever a cadeia de eventos na linguagem comportamental. O sujeito esclarecido tem consciência de que quando fala de um pensamento está se referindo a um comportamento encoberto emitido pelo cérebro em resposta a um estímulo, condicionado pela história do organismo. Da mesma forma que tem consciência de que quando fala de uma cor está se referindo a um espectro de luz com um determinado comprimento de onda. Nem por isso sai falando que "a maçã reflete uma onda de aprox. 700 nm com uma ótima intensidade". ;)
Na ilustração do Haase, o que vemos, fazendo uma leitura comportamental é: e(S)tímulo -> comportamento encoberto (O) -> comportamento observável (R) -> consequência. Parece errado assim? Seria equivocado colocar o(s) comportamento(s) encoberto(s) precedendo o comportamento observável? Não são comportamentos encobertos estímulos, na perspectiva da fisiologia, para o comportamento observável? O músculo se move sem um estímulo na junção neuromuscular?
Ainda assim, não estão os comportamentos encobertos definidos como causas últimas, se não os estímulos ambientais.
Faz sentido tratar o corpo - e o cérebro - como parte do ambiente, uma vez que estímulos que desencadeiam comportamentos podem vir do corpo, como é o caso de uma labirintite, ou como é o caso de levar a mão ao peito durante um enfarto, etc.
Enfim, me parece que estão todos falando sobre a mesma coisa, e se acusando simplesmente por termos que descrevem as mesmas coisas.
Só para complementar o que havia dito... Me parece que o erro está quando o behaviorista nega que um evento interno ao organismo possa ser o estímulo para um comportamento (estar no lugar do "S"), e que o cognitivista erra quando ignora que pensamentos e sentimentos são comportamentos (no sentido de que se trata de alguma coisa se comportando)...
ResponderExcluirNo fundo, nenhum behaviorista nega que uma labirintite pode levar a pessoa a exibir o comportamento de desequilíbrio, ou que existam síndromes neurológicas que provoquem movimentos involuntários. Assim como nenhum cognitivista negará que pensamentos e sentimentos são comportamentos se tiver o mínimo de noção de neurociência.
Também não deve haver muita discordância ao considerar que falar de "causas últimas" é um tanto desnecessário, uma vez que no esquema S -> R -> C, antes do S deve vir algo, seja filogenético ou ontogenético ou mesmo da história de condicionamento do organismo, além de algo que tenha provocado o estímulo.
Valeu pelos excelentes comentários, Cláudio! Vamos lá...
ResponderExcluir"O erro lógico de que a causa do fenômeno está em si mesmo não se aplica aqui, pois o fenômeno é diferente da estrutura em todos os casos. Por exemplo, não existe texto neuropsicológico afirmando que 'o cérebro é a fala' ou que 'o cérebro é a impulsividade'."
Às vezes esse erro lógico acontece, cara. Por exemplo, se a questão sobre a felicidade é respondida pelas "lentes do cérebro", então não se pode dizer que as bases da felicidade estão na forma como o cérebro (ou a mente) processa informações. Isto é circular: dar uma explicação a partir do que se pretende explicar. Uma questão boa seria "O que faz com que o cérebro processe de forma X ou Y?", e uma boa resposta deveria envolver processos que abarcam aspectos importantes do ambiente (que controla o funcionamento do cérebro/da mente).
"O erro está em considerar o cérebro como ponto de partida para o comportamento, o que não ocorre nem mesmo no modelo cognitivo, onde o cérebro está como intermediário na relação causal, sendo precedido por situações."
Eu também penso por aí, mas vejo em muitos lugares e ouço de muitos cognitivistas que o problema (ou a causa) está nas crenças disfuncionais (o que deveria ser só o meio-de-campo-do-negócio).
"Na ilustração do Haase, o que vemos, fazendo uma leitura comportamental é: e(S)tímulo -> comportamento encoberto (O) -> comportamento observável (R) -> consequência. Parece errado assim? Seria equivocado colocar o(s) comportamento(s) encoberto(s) precedendo o comportamento observável? Não são comportamentos encobertos estímulos, na perspectiva da fisiologia, para o comportamento observável? O músculo se move sem um estímulo na junção neuromuscular?"
Não seria errado colocar as coisas dessa maneira. Respostas encobertas precedem respostas observáveis, e portanto podem ser consideradas estímulos (as concepções "estímulo" ou "resposta" dependem do referencial). O que acontece é que o termo "R" da tríplice contingência já contempla as respostas encobertas, e é por isso que não precisamos acrescer à análise um novo termo ("O", no caso).
Indo à sua outra questão, acho que os estímulos corporais podem ser considerados como "ambiente" (embora eu ache que essa conclusão pode levantar algumas questões sobre o conceito tradicional de comportamento). Contudo, estruturas não são ambientes em si mesmas; seu FUNCIONAMENTO, quando funcionalmente relacionado com o funcionamento (ou o responder) de outras estruturas, sim.
Abraço!
"O que faz com que o cérebro processe de forma X ou Y?" é uma pergunta para a qual não há apenas uma única resposta. Certo é que ela trás consigo uma afirmação: o cérebro processa e que seu processamento não é uniforme na espécie humana. Muitos fatores podem estar envolvidos na variação. Desde fatores do próprio organismo, aquilo que alguns chamam de temperamento, predisposições genéticas, sensibilidade, etc, até fatores como patógenos ou histórico de condicionamentos.
ResponderExcluirLentes de Kant, túneis de realidade (Leary e Wilson), crenças disfuncionais, são diferentes formas de abordar as diferenças que dois organismos exibem em suas respostas face ao mesmo estímulo. Crenças disfuncionais não são causas em si, se não para que haja tal variação. Ou seja, por crer que algo é engraçado, fico feliz e sorrio; se cresse que algo é errado, ficaria triste ou com raiva e fecharia o rosto. A causa para a felicidade ou para a tristeza é a mesma e veio do ambiente na forma de algum estímulo (o 'algo'). A causa para que se manifeste como felicidade ou como tristeza está no organismo ("there is no such thing as free-floating qualia", como diria Ramachandran). O que irá determinar esta variação como sendo felicidade ou tristeza é o histórico de condicionamento do organismo, suas predisposições genéticas e inclusive alterações causadas por agentes biológicos ou químicos (meio que uma rendundância aqui, se é para ser exato).
Enfim, concordo que crenças não podem ser causas para comportamentos, uma vez que uma crença só se manifesta se a situação permitir que se manifeste. Mas é certo há um intermediário encoberto entre o estímulo e a resposta. E necessariamente precisa haver, uma vez que o corpo é veículo para que o fenômeno resposta possa ocorrer.
Sobre o "R", bom, a tríplice contingência é a forma do behaviorismo descrever os fenômenos. Se houvesse um "O" no meio seria cognitivismo. São duas formas diferentes de descrever a mesma coisa.
Eu, particulamente, quando faço uma diagramação, descrevo situação (estímulo/causa), pensamento automático (ou comportamento encoberto, pode se dizer que é uma inferência educada e discutida com quem tem propriedade sobre ela), significado do p.a. (aqui considerando o histórico do organismo), emoção (outro comportamento encoberto), comportamento (resposta, causada pela situação/estímulo, na medida em que os comportamentos encobertos se tornaram estímulos para que o organismo executasse a ação complexa descrita) e, ao final, gosto de acrescentar consequência e se é reforçador ou aversivo (discriminante) ou indiscriminante (aqui, novamente, considerando o histórico do organismo). Podes criticar dizendo que é uma forma desnecessariamente complexa de descrever um fenômeno, mas é um encadeamento de comportamentos bastante plausível, penso eu. E tem sido bastante útil.
Acho que concordamos em quase tudo, sendo que as diferenças estão mais na linguagem. Sempre que discuto essas coisas vejo mais pontos em comum do que divergências nas teorias.
A parte que realmente não consegui entender foi o último parágrafo, quando dizes: "estruturas não são ambientes em si mesmas; seu FUNCIONAMENTO, quando funcionalmente relacionado com o funcionamento (ou o responder) de outras estruturas, sim". Acho que há algum sentido usado na palavra ambiente que não captei. Não quero fazer graça, mas entendo que um cérebro que não está funcionalmente se relacionando com outras estruturas só pode ser ambiente para o processo de decomposição. :D
Mas fiquei curioso... Qual seria o sentido mais amplo de ambiente a que te referes?
Abraço!
Todo cognitivista considera que o ambiente evoca os esquemas cognitivos, e que estes sao variaveis dependentes, mas existem.
ExcluirAbs.
Bom, eu particularmente prefiro pensar que o cérebro responde/se comporta, mas não vejo grande problema, nesta discussão, com a ideia de que ele processa informações. Os problemas que eu levantaria sobre a metáfora do processamento de informações são mais filosóficos do que práticos, e eu já discuti isso em outra ocasião (embora eu ache que essa concepção possa, em certas situações, causar confusão na cabeça de alguns).
ExcluirSobre os fatores envolvidos na forma como o cérebro processa/responde, eu citaria basicamente estes: filogênese, genética (variabilidade dos produtos filogenéticos), histórico de condicionamentos e fatores que Skinner chamou certa vez de "terceiras variáveis", ou as variáveis que modificam os organismos por processos distintos dos de seleção por consequências (Corchs, 2010). Exemplos dessas variáveis são a manipulação de fármacos, a intervenção neurocirúrgica e a ocorrência de lesões cerebrais. Essas variáveis explicariam mudanças na forma como os organismos se relacionam com o mundo, mas o próprio autor do artigo citado coloca em questão se algumas delas, como é o caso dos psicofármacos, não poderiam ser explicadas pelo modelo de seleção por consequências (no nível cultural, no caso). E, deixando o critério de exclusão selecionista de lado, eu acrescentaria nesse grupo o que é às vezes chamado de "operações motivacionais", que envolvem processos como a privação e a saciação... e talvez a habituação e a sensibilização. Assim, além dos históricos onto e filogenético e da variabilidade genética, ocorrências mais pontuais poderiam explicar mudanças, estáveis (AVE, p. ex.) ou efêmeras (fármacos e operações motivacionais), na forma como os organismos se relacionam com o mundo.
"Ou seja, por crer que algo é engraçado, fico feliz e sorrio; se cresse que algo é errado, ficaria triste ou com raiva e fecharia o rosto."
Eu acho que há um problema em se separar as respostas emocionais do que se chama de crença. Basicamente, não acho que podemos crer ou julgar que algo é bom ou perigoso sem que possamos SENTIR certas coisas. Pacientes com as amígdalas calcificadas "perdem a noção do perigo", por exemplo, e portanto não creem que certas situações ou comportamentos são arriscados. Minha ideia é a de que o componente afetivo não é um produto ou um efeito do crer, mas O COMPÕE. O que acha?
"Mas é certo há um intermediário encoberto entre o estímulo e a resposta."
Ninguém questionaria isso, mas eu não acho que acrescer um "O" no meio da tríplice contingência faz com que o modelo deixe necessariamente de ser behaviorista. O analista do comportamento pode optar por reservar os eventos encobertos em um termo à parte ("O"), mas ainda assim entender que seus elos são produzidos por consequências e constituem fenômenos comportamentais. A propósito, já vi por alto alguns modelos de contingências de quatro e cinco termos, e eu imagino que esses termos adicionais sejam contemplados por alguns dos fatores que descrevemos nesta conversa. Vou tentar encontrá-los depois, ok?
Sobre o uso do termo "ambiente", trato-o normalmente como sinônimo de contexto ou conjunto de estímulos. Como os eventos privados podem funcionar como estímulos para certas respostas, não vejo problema em concebê-los como "ambiente". Meu ponto-de-incômodo é que "ambiente" costuma ser tratado como o contexto que CIRCUNDA um organismo. Mas e a relação do organismo com ele mesmo, isto é, a relação organismo-organismo? Pergunto-me se, para não perder a noção de ambiente como algo externo ao organismo, não poderíamos redefinir o objeto de estudo do behaviorismo como "relações comportamentais" (em vez de "relações organismo-ambiente"), que abarcariam tanto relações de um organismo com seu ambiente como relações de partes desse organismo com ele mesmo. Aqui, precisarei de um pouco de ajuda dos "universitários".
Corchs, F. (2010). É possível ser um psiquiatra behaviorista radical? Primeiras reflexões. Revista Perspectivas, 01, 55-66.
"Eu, particulamente, quando faço uma diagramação, descrevo situação (estímulo/causa), pensamento automático (ou comportamento encoberto, pode se dizer que é uma inferência educada e discutida com quem tem propriedade sobre ela), significado do p.a. (aqui considerando o histórico do organismo), emoção (outro comportamento encoberto), comportamento (resposta, causada pela situação/estímulo, na medida em que os comportamentos encobertos se tornaram estímulos para que o organismo executasse a ação complexa descrita) e, ao final, gosto de acrescentar consequência e se é reforçador ou aversivo (discriminante) ou indiscriminante (aqui, novamente, considerando o histórico do organismo). Podes criticar dizendo que é uma forma desnecessariamente complexa de descrever um fenômeno, mas é um encadeamento de comportamentos bastante plausível, penso eu. E tem sido bastante útil."
ResponderExcluirPerfeito, Claudio!!!
É assim também que entendo e procedo nas minhas análises!
Entendo que possa ser considerado, por alguns, uma forma mais complexa (menos econômica), no entanto considero extremamente útil pois discrimina bem os vários tipos de comportamentos. Isto contribui com o autoconhecimento do cliente e, com isso,possibilita/reforça a uma intervenção mais colaborativa(terapeuta-cliente).
Abraços a todos!
Adorei suas colocações. Realmente sob a ótica do Behaviorismo Radical é complicado entender como entendemos as emoções. Mas na sua frase "Minha ideia é a de que o componente afetivo não é um produto ou um efeito do crer, mas O COMPÕE" coloca de forma clara.
ResponderExcluirParabéns!
Cristine Cabral
Obrigado, Cristine! Objetivamente, eu costumo entender as emoções como respostas do sistema interoceptivo (musculatura lisa, glândulas etc.) a certos estímulos (privados ou públicos). Mas quando falamos de alguns construtos fundamentalmente subjetivos, como é o caso das crenças e do planejamento, não vejo como ou por que tirar deles o matiz das emoções. Especialmente no caso das crenças, não vejo como experimentar alguns tipos de crença sem que estejam envolvidas certas sensações emocionais.
ExcluirAbraço!
Boa discussão pessoal, parabéns!
ResponderExcluirUm texto que me ajudou a pensar nessas relações foi esse...
Alessi, G. (1992). Models of proximate and ultimate causation in psychology. American Psychologist.
Mesmo não sendo uma discussão direta sobre neuro-atividade, as relações de causa envolvidas ai acho que estão nesse texto. Já os problemas de circularidade que os cognitivistas não se preocupam, acho que não são resolvidos com um elemento "orgânico" na unidade.
Valeu pela referência, Rodrigo! Vou procurar o artigo agora. Eu já estava querendo mesmo ler algo mais específico a respeito de causas em psicologia.
ExcluirUm abraço!
Exatamente. Sempre que leio textos de neurocientistas, sinto que fica faltando uma referência à perspectiva behaviorista. Como em 'O Erro de Descartes', onde Damásio analisa o fenômeno de tomada de decisão. O autor aponta padrões de alteração do corpo (reações viscerais) frente a estímulos, como agentes fundamentais na tomada de decisão, racional ou não. Essas alterações ajudam (inconscientemente na maioria das vezes) o organismo a classificar as coisas ou os fenômenos como ”bons” ou ”maus” em virtude do possível impacto sobre a sobrevivência. Damásio ainda menciona que esses mecanismos dependem não nó das especificidades estruturais determinadas pelos genes, mas de outras que só serão determinadas pela atividade do próprio organismo à medida que se desenvolve e continuamente se modifica ao longo da sua história de vida.
ResponderExcluirBem, e o que seria a “seleção do comportamento pelas suas consequências” se não uma estratégia de decidir qual comportamento efetuar devido as suas consequências para sobrevivência do organismo. Eu, pessoalmente, vi uma proximidade muito grande entre o behaviorismo e a hipótese do 'marcador somático' de Damásio. E que se ele aproveitasse alguns fundamentos do behaviorismo conseguiria até melhor elaborar sua hipótese. Mas, ao contrário, Damásio parece totalmente leigo à análise do comportamento, ou, pelo menos, não arriscou fazer referências.
Mudando de assunto, às vezes me deparo com algumas passagens de cognitivistas que chegam a ser ridiculas, como no livro de Neurociência Cognitiva do Gazzaniga:
"Um problema lhe é dado para ser resolvido. Sabe-se que uma fatia de tecido biológico pensa, lembra, presta atenção, resolve problemas, deseja sexo, pratica jogos,escreve novelas, expressa preconceito e faz milhões de outras coisas. É proposto que você descubra como isso acontece. Antes de começar, você pode fazer algumas perguntas. O tecido trabalha como uma unidade, com todas as partes contribuindo como um todo? Ou ele é cheio de processadores individuais...?" (pag.20)
Aí, já é dado que 'a fatia' do tecido biológico faz tudo isso, o que falta saber é de que modo... o.o Mais a frente, numa tentativa de um breve resumo da história da biologia, o autor ataca as ideias behavioristas:
"O associacionismo é comprometido com a ideia amplamente popularizada pelo psicólogo americano John B. Watson, que promoveu a noção de que ele podia pegar qualquer bebê e transformá-lo em qualquer coisa. (...) A psicologia americana foi tomada por essa ideia (...) apesar da bem-estabelecida posição – primeiramente articulada por Descartes, Leibniz, Kant e outros – de que a complexidade estava embutida no organismo. (...) A couraça dos behavioristas começou a quebrar quando os psicólogos da Gestalt, trabalhando com o fenômeno perceptual, demonstraram que a percepção era melhor compreendida em relação às propriedades emergentes de um estímulo. (...) O verdadeiro fim da dominância do behaviorismo e da psicologia do estímulo-resposta não veio antes do final dos anos de 1950. Quase de um dia para o outro, os psicólogos começaram a pensar em termos de cognição, e não somente em comportamento..." (pág.34)
É uma visão muito ludibriada, ou seria falta de conhecimento? Quem quiser ler tudo, tá o link do capítulo aí: http://pt.scribd.com/doc/90419412/Cap-01
Eduardo, estou começando a ler o "Fundamentos Filosóficos da Neurociência", de Bennett e Hacker, e já na introdução eles criticam diretamente autores como Damásio e Gazzaniga por atribuírem ao cérebro toda a espécie de fenômeno psicológico/subjetivo -- crer, sentir, lembrar e se atentar. Eu ainda não tenho uma posição definitiva sobre o assunto (especificamente, sobre a dualidade DESCRITIVA objetivo/subjetivo), mas já adianto que sou um tanto avesso à ideia de que podemos reduzir qualquer descrição ou explicação psicológica/comportamental em torno do eixo encefálico. Mas essa conversa é longa -- e deve estender por minha vida inteira!
ExcluirA ideia de que o behaviorismo é uma filosofia ultrapassada não estaria assentada em dois tipos básicos de confusão -- a de que o behaviorismo METODOLÓGICO não se sustenta e a de que o behaviorismo radical nega a filogênese? No meu ponto de vista, as pessoas simplesmente não conhecem o behaviorismo radical.
Verdade. Eu tenho muitos professores mentalistas, alguns dualistas extremistas do tipo cartesiano mesmo. E percebo que muitas vezes falta um pouco de vontade por parte deles em, ao menos, tentar entender outro ponto de vista. Sao muito cabeças-dura! Da minha parte, quanto mais exploro os fundamentos do behaviorismo radical, mais o aceito como a melhor explicação científica dos fenômenos que denominamos como psicológicos, mentais etc. E quando a gente vê alguém falando sobre o behaviorismo você vê que realmente há muita falta de conhecimento.
ResponderExcluirDe qualquer forma, Skinner sempre esteve otimista com um futuro onde a fisiologia seria capaz de mostrar as bases biológicas do que o behaviorismo já vinha expondo, mas ainda hoje há um isolamento muito grande entre as neurociências e a análise comportamental. Espero que você tenha sucesso nessa sua proposta de tentar conciliar essas áreas.
Abraço.
Isso acontece mesmo, Eduardo, e com grande frequência. Sobre a aproximação que Skinner já antevia, acho que isso já vem acontecendo no exterior e, aos poucos, também no Brasil, principalmente com a emergência da Análise Biocomportamental. Ainda preciso entrar mais em contato com a agenda dessa nova disciplina, mas parece haver coisa bacana pintando por aí.
ExcluirE sobre a "hipótese dos marcadores somáticos", do Damásio, é uma pena ele (aparentemente) não ter tido contato satisfatório com o behaviorismo radical. Pelo que me lembro, sua hipótese é praticamente a descrição neurológica do condicionamento clássico.
Um abraço!
Lendo agora... Antes tarde do que nunca! rs
ResponderExcluirDaniel, muito bacana esse seu post! Estou no 3º semestre de psicologia, e Skinner tem me dado uma ótima base em torno do conhecimento sobre o comportamento humano.
Tenho interesse em Neurociência também, e com esse seu post, ligando Behaviorismo Radical com Neurociência é realmente muito reforçador!
Acabei lendo os comentários também, e posso afirmar com base no ambiente acadêmico de onde estudo: muitos professores e alunos de psicologia, simplesmente ignoram o Behaviorismo Radical, e mesmo nas aulas de Psicologia Comportamental, eles (alunos) tendem a afirmar que o behaviorismo se baseia apenas em S->R! (Os professores explicam e deixam bem claro as diferenças entre B.M. x B.R., mas creio que a confusão esteja baseada pelas preferências dos alunos a outras abordagens.)
Enfim, o blog está muito legal, to acompanhando outros post's e espero pelos novos!
Abraço!
Essa confusão acontece frequentemente, Augusto! Obrigado pelo comentário e por seguir...
ExcluirAbraço!
Ótimas discussões! Como sinto falta disso no meu curso. Infelizmente, nem os professores de análise experimental do comportamento tem uma compreensão minimamente clara acerca do behaviorismo radical...
ResponderExcluirBom, esse tópico me lembrou algumas perguntas bem fundamentais que tenho.
1) Como é possível definir e diferenciar o organismo do ambiente?
Ao comermos um alimento, por exemplo, a partir de que momento ele torna-se parte do organismo e deixa de ser ambiente? Me parece que há um continuum entre organismo e meio, e que não é possível discriminar rigorosamente o que é organismo e o que é meio.
Talvez, a resposta seja não considerar o organismo como uma coisa, como um ser, e sim como uma função. Nesse caso, porém, parece que ele perde a sua substancialidade e vira apenas uma ideia, um esquema de relações....
O que você pensa a respeito?
Um abraço, e continue com este ótimo trabalho!!
Pergunta interessante, Mário! De fato, parece meio complicado querermos diferenciar rigorosamente um organismo de seu ambiente. Em certo sentido, parte de um organismo pode "atuar" como ambiente para alguma outra parte, como quando uma dor de dente induz respostas como dizer "Ai!" e tomar um analgésico. Um pouco de funcionalismo pode ajudar a resolver essas questões, mas eu não vejo como funções podem ser exercidas sem uma "base", uma "estrutura". Minha questão é: será que precisamos demarcar rigidamente tal estrutura? O que ganhamos com isso?
ExcluirO que acha?
Hmm... não sei exatamente o que ganhamos com isso, mas esse conceito de organismo me incomoda um pouco pela falta de rigor. Estava lendo um texto seu sobre inteligência e encontrei um trecho que diz basicamente o que eu quis dizer sobre a ideia de organismo:
ResponderExcluir"Talvez a maior dificuldade em se encontrar uma concepção precisa de INTELIGÊNCIA derive da tendência que temos de tratá-la como uma coisa. Tal como o self, a personalidade e a consciência, a INTELIGÊNCIA não deve ser vista como uma entidade concreta e passível de ser localizada pela lente do cientista; deve, antes, ser concebida como uma ocorrência ou um conjunto de respostas ou eventos que guardam, topográfica e/ou funcionalmente, características em comum."
Substituindo a palavra INTELIGÊNCIA pela palavra ORGANISMO temos um resultado interessante...
Mas tenho que ler mais sobre isso, e sobre muitas e muitas coisas...