Esquecer o caminho de casa, deixar o almoço queimar e tornar-se incapaz de manusear o dinheiro são indícios de que a cognição está, por algum motivo, "enferrujando". Por trás desse quadro semiológico, que às vezes -- mas só por algum tempo -- passa despercebido por muita gente, não raro constata-se a incidência da doença de Alzheimer. O aumento da expectativa de vida das pessoas faz dessa doença um sério problema de saúde pública, e vários pesquisadores e clínicos têm se empenhado em entendê-la, diagnosticá-la precocemente e, tanto quanto possível, minimizar os prejuízos dela oriundos.
A doença de Alzheimer
As demências são síndromes caracterizadas por processos neurodegenerativos, a partir dos quais originam-se declínios cognitivos progressivos e, por isso mesmo, devastadores. Estima-se que de 2 a 4% da população com mais de 65 anos apresenta a doença de Alzheimer,(1) a qual responde por cerca de 50% dos casos demenciais.(2) Sua prevalência aumenta com a idade, particularmente após os 75 anos.
A neurodegeneração na doença de Alzheimer ocorre em virtude do acúmulo das proteínas beta-amilóide e tau, as quais constituem, respectivamente, placas senis e emaranhados neurofibrilares. Essas constituições protéicas comprometem a neurotransmissão, e diversas faculdades cognitivas vão sendo progressivamente prejudicadas.
A neurodegeneração na doença de Alzheimer ocorre em virtude do acúmulo das proteínas beta-amilóide e tau, as quais constituem, respectivamente, placas senis e emaranhados neurofibrilares. Essas constituições protéicas comprometem a neurotransmissão, e diversas faculdades cognitivas vão sendo progressivamente prejudicadas.
De acordo com o DSM-IV, os sintomas clínicos típicos da doença de Alzheimer são:
Ainda conforme o DSM-IV, o diagnóstico da doença de Alzheimer inclui a necessidade de defasagem de pelo menos uma função cognitiva além da memória.
- Comprometimento da memória (capacidade prejudicada de aprender novas informações ou recordar informações anteriormente aprendidas);
- Afasia (perturbação da linguagem);
- Apraxia (capacidade prejudicada de executar atividades motoras);
- Agnosia (incapacidade de reconhecer ou identificar objetos);
- Perturbação do funcionamento executivo (p. ex., dificuldades em planejar, organizar, sequenciar e abstrair).
Ainda conforme o DSM-IV, o diagnóstico da doença de Alzheimer inclui a necessidade de defasagem de pelo menos uma função cognitiva além da memória.
A utilização combinada de instrumentos de avaliação cognitiva e de escalas de avaliação funcional se faz importante para a fundamentação do diagnóstico. A avaliação funcional visa checar declínios que acometem sobretudo as áreas social e laboral do paciente desde a emergência dos primeiros sintomas. A avaliação cognitiva visa detectar quão comprometidas estão funções como a memória, a atenção, a linguagem, as funções executivas e as habilidades construtivas. Instrumentos de avaliação específicos checam isoladamente cada uma dessas funções, enquanto que a cognição global pode ser avaliada pelo Mini-exame do Estado Mental.(3)
Cabe ressaltar que o diagnóstico embasado em manuais, entrevistas e/ou técnicas de imageamento é probabilístico, restando à análise anátomo-patológica do encéfalo (realizada pos mortem) verificar a hipótese.
Cabe ressaltar que o diagnóstico embasado em manuais, entrevistas e/ou técnicas de imageamento é probabilístico, restando à análise anátomo-patológica do encéfalo (realizada pos mortem) verificar a hipótese.
Etiologia e relações
Ainda não sabemos ao certo as causas do acúmulo proteico que caracteriza a doença de Alzheimer. Apesar de que certos genes pareçam estar relacionados ao quadro (como alguns do cromossomo 21), a influência hereditária só se mostra significativa em casos onde a doença se inicia precocemente.
Várias pesquisas relatam haver correlação negativa entre escolarização e prevalência da doença de Alzheimer (isto é, pessoas que estudaram por mais tempo mostram-se menos propensas a desenvolvê-la). Acredita-se que arranjos sinápticos mais complexos e fortalecidos "protegem-nos" da doença, e que a escolaridade seria um dos principais promotores dessas condições. Há também suspeitas de que variáveis como prática de atividades físicas e estilos de vida (lazer, sociabilidade e profissão) e de dieta estejam de alguma forma relacionados à incidência da doença. No entanto, a maior parte dessas inferências carece de estudos que as sustentem satisfatoriamente.
Várias pesquisas relatam haver correlação negativa entre escolarização e prevalência da doença de Alzheimer (isto é, pessoas que estudaram por mais tempo mostram-se menos propensas a desenvolvê-la). Acredita-se que arranjos sinápticos mais complexos e fortalecidos "protegem-nos" da doença, e que a escolaridade seria um dos principais promotores dessas condições. Há também suspeitas de que variáveis como prática de atividades físicas e estilos de vida (lazer, sociabilidade e profissão) e de dieta estejam de alguma forma relacionados à incidência da doença. No entanto, a maior parte dessas inferências carece de estudos que as sustentem satisfatoriamente.
Mesmo que o curso da doença de Alzheimer seja irreversível, há procedimentos farmacológicos e de reabilitação razoavelmente capazes de retardar seu desenvolvimento. Como em quase toda condição patológica, o diagnóstico precoce permite que as intervenções disponíveis sejam mais efetivas.
Segue abaixo um vídeo instrutivo sobre a doença de Alzheimer.
Segue abaixo um vídeo instrutivo sobre a doença de Alzheimer.
Referências
(1) Consultado em http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=42
(2) CHARCHAT, Helenice; NITRINI, Ricardo; CARAMELLI, Paulo and SAMESHIMA, Koichi. Investigação de Marcadores Clínicos dos Estágios Iniciais da Doença de Alzheimer com Testes Neuropsicológicos Computadorizados. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2001, vol.14, n.2 [cited 2010-07-11], pp. 305-316.
(3) NITRINI, Ricardo et al . Diagnóstico de doença de Alzheimer no Brasil: avaliação cognitiva e funcional. Recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 63, n. 3a, Sept. 2005.
(2) CHARCHAT, Helenice; NITRINI, Ricardo; CARAMELLI, Paulo and SAMESHIMA, Koichi. Investigação de Marcadores Clínicos dos Estágios Iniciais da Doença de Alzheimer com Testes Neuropsicológicos Computadorizados. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2001, vol.14, n.2 [cited 2010-07-11], pp. 305-316.
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